Professora Graziele Amaral destaca desafios e reflexões sobre o ser professor em entrevista à Rádio Fatos
Por Administrador
Publicado em 16/10/2025 15:17
Geral
Claudemara  e Graziele nos estúdios da Rádio Fatos

Na quarta-feira, 15 de outubro de 2025, data em que se celebra o Dia do Professor, o programa Prosa da Roça, apresentado por Claudemara Veiga na Rádio Fatos, promoveu uma conversa especial sobre os rumos da educação no município de Pinhão, no estado e no país. A convidada da edição foi a professora Graziele de Fátima Amaral, profissional com 20 anos de atuação no magistério e experiência em diversos níveis de ensino.

Uma trajetória dedicada à educação

Durante a entrevista, Graziele contou um pouco sobre sua trajetória. Formada e mestre em Letras, com ênfase em Literatura, ela também está cursando doutorado na área. Ao longo da carreira, já atuou na rede municipal, estadual, no ensino superior e também exerceu funções técnicas na Secretaria Municipal de Educação de Pinhão.
Sou professora desde 2004, e concursada desde 2010. Já passei por várias etapas do ensino e aprendo muito com cada uma delas.”, destacou.

Desafios do magistério e o impacto da tecnologia

Ao abordar as dificuldades enfrentadas pela classe, Graziele ressaltou que todos os níveis de ensino têm seus próprios desafios, mas destacou a sobrecarga emocional e física dos professores da educação infantil.
Os professores da educação infantil são os que deveriam ganhar mais. É uma tarefa extremamente difícil e exige muito do corpo e da mente.

A docente também comentou sobre os impactos do uso excessivo de tecnologia na aprendizagem das crianças:
Elas têm um vocabulário muito amplo, mas têm dificuldade de memorização e de concentração. Tudo é muito rápido, e isso prejudica o aprendizado.

Desvalorização e sobrecarga

Um dos temas centrais da prosa foi a desvalorização do professor no Brasil. Graziele citou dados recentes da OCDE, que apontam que apenas 14% dos professores brasileiros se sentem valorizados.
Somos cobrados por resultados, mas temos uma carga enorme de trabalho e pouca escuta. Muitos de quem nos cobram já não sabem mais o que é estar em sala de aula.

Ela relatou que as crianças do quinto ano, por exemplo, chegam a fazer até 14 avaliações externas ao longo do ano, além das provas regulares.
Estamos virando produtores de dados. As avaliações são importantes, mas o excesso não gera aprendizado, só sobrecarga.

Adoecimento e precarização da profissão

Graziele também alertou para o adoecimento mental da categoria, mencionando o alto número de professores que fazem uso de medicação controlada para lidar com ansiedade e depressão.
Na sala dos professores, de 20, pelo menos 15 tomam algum remédio para conseguir seguir o dia. A pressão é grande e o apoio é pequeno.

Ela criticou a precarização do ensino e a falta de políticas públicas que valorizem a carreira docente:
O professor trabalha em casa, prepara atividades, corrige provas, escreve artigos. Não há descanso real. E quando se fala em valorização, não é só salário — é ter condições dignas de trabalho e saúde mental preservada.

Educação pública e resistência

No encerramento, a professora relembrou sua participação em manifestações contra a privatização de colégios estaduais e reafirmou sua defesa da educação pública e de qualidade.
A educação está sendo transformada em mercadoria, e o lucro disso não chega até nós. A gente luta não só pelos professores, mas pelos filhos de todos, porque precarizar o ensino é comprometer o futuro do país.

A apresentadora Claudemara Veiga finalizou o programa reforçando a importância da reflexão neste dia dedicado aos educadores:

 

“Que cada pai e mãe possa olhar com mais empatia para o professor do seu filho. Antes de cobrar, é preciso compreender os desafios que essa profissão enfrenta diariamente.”

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