a última quarta-feira (28), o programa Prosa da Roça, comandado por Claudemara Veiga na Rádio Fatos, recebeu como convidadas a secretária municipal da Mulher, Diana Miotto, e a chefe do Departamento de Enfrentamento à Violência contra a Mulher, Analice Ferreira Gonçalves Sviercowski. A entrevista fez parte da programação do Agosto Lilás, mês dedicado à conscientização e combate à violência contra a mulher.
Números preocupantes e realidade local
Durante a conversa, foram apresentados dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2025, que revelam um crescimento nos índices de violência contra as mulheres no Brasil. O levantamento mostra aumento de 0,7% nos casos de feminicídio, 19% nas tentativas de homicídio e 6% na violência psicológica. Outro dado alarmante é que 63% das vítimas de feminicídio no país são mulheres negras, a maioria com idades entre 18 e 44 anos, e em 64% dos casos o crime acontece dentro de casa.
Diana Miotto destacou que o Paraná segue a mesma tendência nacional e lembrou que o município de Pinhão reflete essa dura realidade. Segundo ela, a violência de gênero está enraizada em fatores culturais, como o machismo, e pode atingir mulheres de todas as classes sociais.
Ações educativas e de acolhimento
A Secretaria da Mulher de Pinhão tem desenvolvido uma série de ações permanentes para apoiar as vítimas e conscientizar a população. Entre elas, estão as rodas de chimarrão com informação, nas quais mulheres recebem orientações sobre a Lei Maria da Penha, tipos de violência e formas de romper o ciclo abusivo. Muitas dessas rodas resultam em pedidos de ajuda e denúncias.
Outra iniciativa foi a palestra “De Homem para Homem”, realizada em parceria com a Patrulha Maria da Penha e o Conselho da Comunidade, direcionada a homens que cumprem medidas protetivas. O objetivo foi provocar reflexão sobre masculinidade consciente e desconstruir comportamentos violentos.
Além disso, a Secretaria promove cursos profissionalizantes gratuitos, como o de bolos decorados, para que mulheres em situação de vulnerabilidade conquistem autonomia financeira e possam romper com relações abusivas.
Atendimento e canais de denúncia
Analice Sviercowski explicou como funciona o atendimento às mulheres vítimas de violência em Pinhão. Atualmente, o município não possui uma Delegacia da Mulher, mas a Secretaria realiza acolhimento sigiloso e acompanha as vítimas até a delegacia ou ao CREAS, que presta suporte jurídico, social e psicológico.
Está em andamento o processo de credenciamento para implantação do Centro de Referência e Atendimento à Mulher (CRAM) em Pinhão, o que permitirá atendimento especializado direto na Secretaria.
Entre os recursos de emergência já disponíveis está o Botão do Pânico, instalado na Praça Darci Brolini, que é monitorado 24 horas. O dispositivo possibilita socorro imediato em situações de risco. Além disso, há o aplicativo da Polícia Militar, que disponibiliza a ferramenta de pânico para mulheres com medidas protetivas.
As denúncias podem ser feitas pelos números:
180 – Central de Atendimento à Mulher
181 – Disque Denúncia Anônima
190 – Polícia Militar (em casos de emergência)
(42) 3677-8485 – Secretaria da Mulher (atendimento 24h, também via WhatsApp)
Compromisso permanente
As entrevistadas ressaltaram que o trabalho da Secretaria da Mulher não se limita ao Agosto Lilás. As ações são contínuas durante todo o ano, buscando fortalecer e acolher as vítimas, além de conscientizar a sociedade sobre a necessidade de quebrar o ciclo da violência.
“Não é só em agosto. É um trabalho permanente, que precisa ser reforçado todos os meses e em todos os espaços da nossa comunidade”, afirmou Diana Miotto.
No encerramento, Claudemara Veiga reforçou a importância da denúncia: “Entre briga de marido e mulher, mete-se a colher, sim. Uma simples ligação pode salvar uma vida.”
